Genshin Impact: Gacha, Deuses e Grinde Bonito — A Nossa Crítica
Teyvat está a chamar-te — e traz amigos, fogo de artifício e um bom bocado de agricultura pelo caminho.
Bem-vindo(a) a Genshin Impact, onde o anime brilha em HD, as espadas faíscam com drama elemental e as probabilidades de te sair uma personagem 5 estrelas? Digamos só que… humilhantes para a auto-confiança. Sejas aventureiro/a forreta ou gastador/a sem medo do extrato do cartão, o jogo abre-te um mundo gigante cheio de masmorras, puzzles e caos em combate. Mas será mais do que só aparência ou paixão de Verão? Bora cá esmiuçar isto a fundo e ver a verdadeira pilha — e buracos do coelho — para onde te vais atirar.
Primeira Lição com Slimes: Boas-vindas à Teyvat
Arranquei Genshin a pensar que era só mais um RPG mobile mascarado de cosplay. Feitiços bonitos, combate leve, meia dúzia de horas divertidas antes de o grind te arrastar para o Excel. Engano meu. Isto foi perigoso — para o meu tempo livre, espaço no disco, e eventualmente para a carteira.
Escolhi a protagonista feminina (a animação dela a parar era puro atitude) e aterrei nas pradarias IRL de Teyvat. Primeiro inimigo? Slime Electro. Bolita fofa que me dobrou tipo cadeira de praia. Carreguei botões à toa. Esquivas de envergonhar. Pânico total.
Mas foi justo. O combate é apertado, reactivo, dá para pensar e perceber. Eles até te avisam antes de bater. Combinar elementos vale mesmo a pena. Quando finalmente rebentei o slime com um redemoinho de fogo e vento, dei um murro no ar — parecia que ganhei um torneio mundial. Vergonha. Valeu a pena.
Paimon, Puzzles e um Mundo Nada Silencioso
Depois apareceu a Paimon. Mascote voadora cheia de energia, voz de gremlin com overdose de café e uma disposição de quem nunca salta um diálogo. Imagina a Navi do Zelda com TikTok e sem autocontrolo.
Baixei-lhe o volume (obrigado, menu das opções) e o jogo calou-se, mas o mundo? Bem mais barulhento. Não é só passarinhos e vento. Coisas acontecem mesmo. As colinas têm enigmas, os lagos guardam tesouros e as ruínas têm ambiente sério.
Sim, escalar lembra Breath of the Wild, mas Genshin pôs-lhe molho à parte. Podes trepar tudo — até o fôlego te trair. E planar? Pura felicidade. Tive tardes só a subir montanhas para me atirar de cabeça. Dava sempre 10/10 ao mergulho de cisne.
Trocas, Estalos e o Caos Elemental
Uma hora depois desbloqueei a Amber. Arqueira Pyro. Bombinha coelha. Fala que nunca mais acaba. E zás, acabou-se o combate de carregar tudo: de repente estava a misturar elementos, lançar fogo-de-artifício, a fazer Overloaded (pumba) e Burning (pumba maior). Caótico — mas delicioso.
É aqui que Genshin fica genial. Tens equipa de quatro, cada um com arma e elemento. Água com gelo congela. Coisas molhadas apanham choque. Fogo e vento fazem tornados de arrependimento picante. Uma confusão — inteligente.
A minha equipa? Viajante (Anemo), Amber (Pyro), Kaeya (Cryo), Lisa (Electro). Nada meta, zero otimizados, sem remorsos. Ver mobs a voar parecia microondas com pipocas. Não sei bem como resulta, mas resulta.
A Sorte Sai Cara: Gacha, Emoção e Frustração
Pois, acabei por cair. Abri os Desejos, a autêntica slot machine de anime cintilante. Dei uma dezena de pulls. Ganhei um catalisador de 4 estrelas, uns materiais de enfeitar… e a Noelle. Empregada de claímor com sonhos grandes e postura de frigorífico.
Emocionante. Deprimento. Foi gacha.
Ganhar Primogems demora uma eternidade — ritmo de gotas de chuva. E sim, existe sistema de piedade (90 pulls = uma 5 estrelas garantida), mas se queres os favoritos, prepara-te para apostar a sério. É tentação para a carteira.
Ainda assim, não me chateou. O jogo base é fixe na mesma. Logo a abrir dão-te personagens decentes, nunca ficas sem equipa. Joguei dezenas de horas sem gastar nada — só comprei o Bênção da Lua Cheia quando quis. 5€ por prémios diários. Nem tenho vergonha.
Liyue: Deuses de Geo, Ruas de Jade e Quests em Altura
Próxima paragem: Liyue. Se Mondstadt é versão taverna medieval e moinhos, Liyue é talhada em montanhas e mergulhada em ouro. O ambiente? Do outro mundo. A música ficou tradicional. Os NPCs ficaram atrevidos. As missões, uma feira total.
Os puzzles subiram de nível. Acendia tochas em ordem, caçava Seelies brilhantes, resolvia charadas de estátuas como fosse exame final de Geo. Porto de Liyue? Gigante. Cheio de vida. Metade dos NPCs parece que têm recados reais para fazer.
A história aqui? Surpreendentemente decente. Não chega para fazer teses, mas mantém-te atento. Sobretudo quando aparecem os Arcontes. O Zhongli (deus Geo) fez-me pensar se estava num jogo ou numa palestra lenta sobre capitalismo.
A Muralha do Resin: Cansaço a Dobrar
Estava a desfrutar, a explorar, a sentir-me bem. Depois apareceu a Resin, para cima de mim, tipo tijolo num loot box.
“Original Resin” é o bilhete para prémios decentes. Chefes, domínios, masmorras — tudo pede Resin. Tens 160. Recarrega mais devagar que o sol em Dezembro. Ou pagas para ter mais rápido. Sem Resin? Sem prémios. Sem progresso. Sem alegria.
No início, não fiz caso. Havia tanto para distrair. Mas mais à frente? Doído. Querias set de Gladiador 5 estrelas? Prepara-te para repetir o mesmo domínio semanas, só para ganhares umas botas manhosas.
Há quem trate a Resin como planeamento semanal de raid. Eu? Tomei como sinal divino para sair à rua. Ou dormir. Dormir funciona melhor.
Co-Op Atabalhoado e Eventos Flash
O co-op abre no Rank 16 de Aventureiro. Entrei no mundo do meu amigo e em segundos… incendiei meio campo sem querer. É o que há.
O multi tem falhas. Não entras em quests principais nem apanhas tudo no mundo alheio. Limites estranhos. Mesmo assim é divertido. Especialmente quando estão ambos com nível baixo e alguém chama um Ruin Guard por acidente. Pânico garantido.
Depois há os eventos. Genshin atira-te eventos como se fossem balas numa festa. Jogos de ritmo. Tower defense. Corrida de balões. Num minuto estou a desarmar bombas, no outro vivo um pesadelo à Mario Kart mas com fogo de artifício.
Alguns são épicos. Outros nem por isso. Mas são limitados, ou participas ou perdes. Medo de perder? Sim. Culpa divertida? Também.
Músicas e Postais: Encher os Olhos e Ouvidos
A banda sonora. HOYO-MiX arrasou. Cada região tem identidade e as transições são tão suaves. Mondstadt com flautas de conto. Liyue traz guzheng a sério. Inazuma? Tempestades e drama de shamisen. Injusto o quão bom fica.
Visualmente, o jogo parece como se a Studio Ghibli tivesse tomado demasiado Monster. Céus cheios de cor, mudanças de tempo e água que te chama para saltares. As zonas parecem desenhadas à mão. As ruínas convidam sempre, mesmo que estejam vazias. E sim, as waifus e husbandos? Ao mais alto nível.
Sinceramente, jogava isto só para tirar prints. Sem qualquer remorso.
Conclusão: Ainda Viciado?
Dezenas de horas depois, e ainda entro todos os dias.
O jogo continua grátis. Continua lindo. Continua grindy até doer. O gacha pode arruinar-te a conta bancária. O Resin abranda-te. Eventos maus também aparecem. Mas o minuto a minuto? Forte. O mundo? Continua a encantar.
Se tratas isto como um segundo emprego, queima-te depressa. Mas se fores usando como parque digital onde entras de vez em quando, é dos melhores jogos grátis por aí.
Agora não vás gastar tudo. O caminho das baleias acaba sempre no confessionário do cartão de crédito.