Merge Gardens

Classificação

4.85

Votos
1352
Data de Lançamento
1 de setembro de 2020

Sobre o jogo

Merge Gardens mistura mistério acolhedor com o caos de jardim num cocktail de puzzles de fusão e match-3. Jogas como a Daisy, a tentar devolver a vida à decadente herdade do tio, uma casinha de pássaros, arbusto e bagas de cada vez. Vais alternando entre fundir três itens iguais no jardim e limpar tabuleiros match-3 para ganhar recompensas. Junta topiárias mágicas, eventos bizarros e segredos escondidos debaixo de fontes cobertas de musgo, e tens um vício mobile relaxante mas impossível de largar. É parte puzzle, parte simulação de jardim, e totalmente uma obsessão de crescimento lento.

Análise

Crítica a Merge Gardens - Arruma o jardim, uma baga, um pássaro e um quebra-cabeças de cada vez

À primeira vista, Merge Gardens parece só mais um simulador fofinho de plantas. Não te deixes enganar pelo buxo em forma de coelho: por baixo de tanto verde há um puzzle traiçoeiro à espreita. Mecânicas de fusão, níveis de match-3, e uma quantidade generosa de história estranha para te fazer espreitar por detrás das sebes. Perdi uma quantidade absurda de tempo a alimentar pássaros e a limpar lixo digital. Sem arrependimentos.


Começa em Desastre, e com um Pássaro

Primeira coisa em que toquei? Um ovo bolorento. Partiu-se e saiu de lá um passarinho bebé. Um passarinho, a piar como se fosse o dono daquilo tudo. Pronto, fiquei logo rendido.

Isto não é daqueles jogos de fusão insípidos, com azulejos em branco e música de elevador. Merge Gardens atira-te para uma propriedade decadente, mete-te um ancinho enferrujado na mão e, do nada, surge um nível de puzzle. "Olha, agora também há match-3, lida com isso." Pisquei os olhos. Encolhi os ombros. Continuei.

O jardim é um caos total. Estátuas partidas, tralha coberta de musgo, relvados a lutar pela vida. Parece que passou por aqui um circo... e ninguém apareceu para limpar. Vais fundindo coisas, uma a uma, a limpar espaço e a descobrir novos segredos. É surpreendentemente viciante. Mal apanhas o jeito, zás, mais tralha por limpar.


Funde, Melhora, Repete (e Talvez Boleia para a Bolha)

Começas do básico. Fundes três coisas para teres uma mais gira. Três daninhas? Parabéns, tens um arbusto menos deprimente. Se insistes, de repente tens topiários, canteiros macios, e bicharada com sentido de moda digno de passadeira vermelha.

É como fazer poções, mas com restos do jardim. Caixotes viram barris, barris podem virar uma caixa de ferramentas, e assim do nada, pumba, um orbe brilhante cheio de abelhas. Não sei porquê, mas precisava de ver o que vinha a seguir.

Armazenamento? Um verdadeiro circo ambulante. Cada melhoria parece uma espécie de Tetris para acumuladores. Ou fundes, ou ficas sem espaço. Acumular é pedir sarilhos. Já estive dez minutos a olhar para um regador nível 3 só a pensar se metia numa bolha ou se o sacrificava. Pânico total. Nem tenho vergonha.

E bolhar? Isso é outro campeonato. Dá para meter coisas em bolha para guardar temporariamente, mas é manhoso. Há tópicos inteiros no Reddit sobre como se faz batota ao sistema. Senti-me quase a infringir leis de jardinagem.


Roubo Match-3: Bem-vindo a Puzzle Town

Já estava eu todo entretido a empilhar caixas e a julgar o sentido estético dos meus arbustos, quando o jogo decide: "Queres moedas? Passa este nível de match-3." E de repente estou eu a alinhar morangos e tartes como se gerisse uma pastelaria vitoriana.

Resmunguei. Vim aqui fundir, não brincar às doçarias. Mas... os puzzles são viciantes. Os layouts são espertos, fazer combos é satisfatório, e já limpei um tabuleiro inteiro só com uma bomba de limão. Dei por mim a festejar em voz alta.

Ganhas prémios nos puzzles, levas tudo de volta ao jardim, e o ciclo é sempre assim. Vicia, mas vicia bem.

Já enfiei 20 minutos num puzzle só para ganhar um ovo. O ovo deu um pássaro. O pássaro cortou lenha. A lenha virou uma pilha e abriu uma nova zona do jardim... onde surgiram, adivinha, mais puzzles. É como correr atrás do próprio rabo, mas de uma forma estranhamente boa.


Fica a Conhecer a Daisy: Herança Marada e Sotaque Ainda Mais Estranho

Aqui jogas como Daisy. Botas grandes, olhos ainda maiores e um mistério do tamanho da quinta. Herdou aquilo tudo de um tio desaparecido, e as coisas só ficam mais insólitas a cada minuto.

Vais desbloquear zonas com nevoeiro, encontrar cartas suspeitas e deparar-te com estátuas que parecem reparar em ti. A história aparece em pequenas doses: suficiente para te deixar intrigado, mas sem enfiar um romance de fantasia inteiro pela goela abaixo.

As vozes? Uma delícia improvável. O sotaque da Daisy muda como se andasse a fazer part-times em três sitcoms britânicas. Ora é fofinha, ora está a ralhar com um pato como se não pagasse renda. Nem sei como, mas resulta.

Há ainda um esquilo que parece traficante e um flamingo chamado Vincent que julga os teus relvados como se estivesse a avaliar arte contemporânea. Ninguém pediu tanto empenho aos devs, mas ainda bem que foram por aí.


Falar de Monetização (Spoiler: Aparece Logo ao Pequeno-Almoço)

Chegou a parte do "dinheiro, please". Vais ver o pop-up do "pack de gemas iniciais" antes de terminares o teu snack. Basicamente: "Queres saltar aquele temporizador de seis horas?"

A partir daí, a pressão aumenta. Expansões custam moeda premium. Boosters piscam-te o olho como cupcakes proibidos. Está lá, e nota-se.

Onde dói mais? No armazenamento. Se não dominas a arte de meter coisas em bolha, ou não abres a carteira, vais penar. O jogo até oferece uns brindes, mas passadas umas horas? A torneira fecha a sério.

Não é do mal. Só... bastante entusiástico. Tipo aquele vizinho simpático que quer vender-te adubo gourmet a cada cinco minutos.


Eventos, Bicharada e o Tal Flamingo

Spoiler curto: quando sentes que dominaste o caos, lá vem um evento. Agora tens ovos mutantes para fundir, tokens esquisitos para apanhar, e ainda desbloqueias animais raros com animações duvidosas e brilhos a rodos.

Cada evento põe-te numa área própria, com as suas regras. Uns deixam-te escolher prémio. Outros viram uma autêntica gincana de loot. É frenético, mas daquele bom.

E pássaros? É só pássaros. Uns trabalham a sério, outros só batem as asas e fazem pose. Tive um que andou 20 minutos só a pavonear-se à volta de uma caixa.

Gerir a passarada é um mini-jogo dentro do jogo. Metade creche de frangos, metade preenchimento do IRS.

Eventualmente, destrancas ninhos e casas de pássaros. Pequenas fábricas de penas. Passei uma noite inteira a fazer de gestor de freeloaders emplumados. Já fiz menos Excel pelo meu emprego.


A Dependência é Real. E Admite-se

Por volta da décima hora de jogo deixei de "jogar" Merge Gardens. Passei a viver Merge Gardens. Abria caixas à hora do almoço. Planeava as fusões a lavar os dentes. Já sussurrei "não bolhes isso ainda" ao telefone no meio da rua.

Nada muda radicalmente, mas começas a pensar como um duende do jardim. Ficas estratégico. Evitas acumular. Percebes logo que pássaros ignorar quando ficam dramáticos.

O progresso é lento, mas nunca para. Quando limpavas uma zona de nevoeiro ou abrias uma secção nova, era como se arranhares aquela comichão satisfatória cá dentro. Mais cenas para organizar, mais desordem a transformar.


Veredicto Final: Merge Gardens — Um Caos Que Vale a Pena

Merge Gardens não só me surpreendeu — apoderou-se do meu cérebro. Fui atraído por puzzles leves. Fiquei pelo caos e pela burocracia da passarada.

Sim, o jogo tem charme para dar e vender. Mas depois apanha-te desprevenido com profundidade, puzzles a sério e personagens tão estranhamente vivas que parecem parte do condomínio.

A monetização puxa, mas dá para tolerar. Se és daquele tipo de pessoa que adora transformar tralha digital em coisas bonitas, este aqui merece uma aposta.

E olha, se deres por ti a dar nomes às tuas sebes? Não julgamos. Been there.

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